Novo Canal do Panamá deixa mercado naval mais competitivo
Expansão da principal hidrovia do mundo agora permite que embarcações de grande calado trafeguem entre o Atlântico e o Pacífico
Expansão da principal hidrovia do mundo agora permite que embarcações de grande calado trafeguem entre o Atlântico e o Pacífico
Por: Altair Santos
Inaugurado em 26 de junho de 2016, o novo Canal do Panamá duplica a capacidade da hidrovia que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. O alargamento, que custou US$ 25,5 bilhões (cerca de R$ 90 bilhões), agora pode receber navios de até 14 mil TEUs (unidade usada para medir a capacidade de contêineres). O canal tende a aumentar a competitividade da marinha mercante, principalmente em países que possuem embarcações de grande calado. Estados Unidos e China saem na frente neste quesito. Por outro lado, prejudica quem não tiver portos preparados para receber os supernavios, que tendem a dominar a travessia Atlântico-Pacífico.
O Brasil poderia ter se preparado para a nova realidade do comércio marítimo se tivesse adequado seus portos em Manaus-AM e Suape-PE – os que se encontram mais próximos do Canal do Panamá – para servir como terminais de contêineres. Além disso, o país também não transformou nenhum de seus portos na região nordeste para funcionar como um hub (concentrador de cargas) no Atlântico. Seria estratégico para a economia brasileira servir de entreposto para as embarcações conhecidas como New Panamax – superiores a 350 metros de comprimento. Mesmo assim, a nova hidrovia tende a aumentar a competitividade dos portos no norte e nordeste do Brasil.
Segundo a autoridade portuária do Canal do Panamá, o argelino Moreno De Ducreux, a obra vai mexer com a infraestrutura de boa parte dos países. “As companhias marítimas, as instalações portuárias, as linhas férreas e os centros de distribuição de diferentes regiões terão de se readaptar para tirar proveito dos navios maiores e mais eficientes que passarão a navegar entre o Atlântico e o Pacífico. Estamos falando de embarcações com, no mínimo, 9.000 TEUs”, alerta Ducreux.
Números superlativos
Para poder receber navios de grande porte, o Canal do Panamá passou seis anos em obras. O consórcio responsável pela expansão da hidrovia envolveu a espanhola Sacyr, a italiana Salini Impregilo, a belga Jan de Nul e a panamenha Cusa. Foram consumidos na ampliação da via interoceânica 4,5 milhões de m³ de concreto e 220 mil toneladas de aço. A expectativa é de que passem pelo canal 600 milhões de toneladas de mercadorias por ano, o equivalente a 5% do comércio mundial. Pela ordem, os países que mais devem se beneficiar do canal são Estados Unidos, China, Japão, Colômbia, Coreia do Sul, Peru, México, Equador, Canadá e Panamá.
No dia da inauguração do novo Canal do Panamá, o primeiro navio a cruzar a via foi o chinês COSCO Shipping Panamá. A embarcação, com 299,98 metros de comprimento e 48,25 metros de largura, tem capacidade de carga 9.472 TEUs. Após sair do porto de Pireus, na Grécia, ela levou 14 dias para chegar ao Panamá. Na passagem do navio, o CEO da Autoridade do Canal do Panamá – estatal que controla a travessia -, Jorge L. Quijano, declarou que a nova via começava a operar com o pedido de 170 navios para cruzar de um oceano a outro. “Há mais de 100 anos, o Canal do Panamá ligava o Atlântico e o Pacífico. Hoje, conecta o presente ao futuro”, discursou.
Entrevistado
Autoridade do Canal de Panamá (via departamento de comunicação)
Contato: info@pancanal.com
Crédito Foto: Divulgação/Pancanal
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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