Norma de Desempenho também exige mudança cultural

Para engenheira Sueli Bacchereti Bueno, revisão do imóvel deve perseguir modelo já adotado com automóveis e as próprias pessoas, ao prevenir doenças

Para engenheira Sueli Bacchereti Bueno, revisão do imóvel deve perseguir modelo já adotado com automóveis e as próprias pessoas, ao prevenir doenças

Por: Altair Santos

Em vigor desde 19 de julho de 2013, a Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) ainda é tema de profundos debates no meio técnico da construção civil. Entre eles, como fazer o consumidor entender o que significa esta norma técnica e o que ela representa para a qualidade do imóvel adquirido. É esse o alerta que faz a engenheira civil Suely Bacchareti Bueno, projetista e ex-presidente da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural). Para ela, a questão do ciclo de vida útil da construção – um dos itens mais comentados da norma – passa por uma mudança cultural do usuário.

Sueli Bacchereti Bueno: fazer a manutenção do imóvel custa menos

Segundo a especialista, é preciso difundir a prática da manutenção do imóvel da mesma forma que ocorreu com o setor automobilístico. “Hoje, o consumidor promove as revisões em seu veículo conforme o manual do proprietário, o que prolonga a vida útil do carro e evita transtornos. Assim deve ser com o imóvel”, diz. Ela também usou como exemplo o hábito de as pessoas irem com mais frequência ao médico e ao dentista. “As pessoas descobriram que é mais barato, e dói menos, fazer a manutenção da saúde. Da mesma forma, deve ser com os imóveis”, completa.

Suely Bueno defende que a cadeia produtiva da construção civil promova campanhas de esclarecimento ao consumidor sobre o que é a Norma de Desempenho, sobretudo no que se refere ao ciclo de vida útil e à manutenção do empreendimento. “Vamos ter que ensinar os consumidores a revisar seus imóveis. Hoje, já funciona assim para os elevadores. Muitos edifícios adotam como regra a revisão mensal do sistema. Em algumas cidades, isso já é lei. Por que não, isso se estender a toda edificação?”, questiona, entendendo que esses conceitos deveriam se propagar às obras públicas. “Existem governantes que preferem inaugurar novas obras, em vez de atuar na manutenção dos empreendimentos já construídos. As definições de ciclo de vida útil devem valer para todas as construções”, complementa.

Além de vigas e lajes
Sob o aspecto técnico, Suely Bueno afirma que a Norma de Desempenho também precisa ser melhor entendida pelos engenheiros-projetistas. “Os projetistas estão vulneráveis se não entenderem as exigências de performance de uma estrutura, a partir dos conceitos da Norma de Desempenho. Hoje, não se trata mais de projetar uma viga ou uma laje, mas de projetar uma viga e uma laje que devem ter desempenho acústico e que vão receber um tipo de piso e um tipo de caixilho de porta adequados à norma. É preciso levar em consideração todo o sistema, ou seja, se uma disciplina falhar desencadeia falhas em outras disciplinas”, alerta.

A Norma de Desempenho, de acordo com a engenheira civil, também exige que o projetista passe a ter a prática de documentar todos os procedimentos adequados à ABNT NBR 15575. “Ao contrário do que se imagina, a Norma de Desempenho está amparada pelo Código do Consumidor, que é lei. Assim, se um usuário vier a acionar a justiça, desencadeará um processo que fará com que a incorporadora acione a construtora, e que essa acione fornecedores de materiais e projetistas. Então, o que resta é que a Norma de Desempenho é uma grande oportunidade de fortalecer a engenharia e a arquitetura”, conclui.

Entrevistada
Suely Bacchereti Bueno, engenheira-projetista, sócia-diretora da JKMF e ex-presidente da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural)
Contato: jkmf@jkmf.com.br

Crédito Foto: Divulgação/ABECE

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Massa Cinzenta

Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.

Veja todos os Conteúdos

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS

Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32

Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40

Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.

Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI

O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.

descubra o cimento certo

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

descubra o cimento certo