NBR 15575 cria nova era para a construção civil
Com Norma de Desempenho, setor deve abandonar processos artesanais e adequar-se às metodologias industriais, como o recall
Com Norma de Desempenho, setor deve abandonar processos artesanais e adequar-se às metodologias industriais, como o recall
Por: Altair Santos
A Norma de Desempenho (NBR 15575:2013 – Edificações Habitacionais – Desempenho) é vista como a grande oportunidade para a construção civil não apenas teorizar sobre os conceitos de industrialização, mas incorporá-los definitivamente em seu dia a dia. É assim que entende o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e assessor legislativo do SindusCon-Rio, Roberto Lira de Paula. “A norma veio para acrescentar definitivamente o nome indústria à frente da construção civil. Para mim, esta nomenclatura, antes, era um simples apelido. Agora, não. Temos que vender um produto e responder se ele não cumprir o que promete para quem comprá-lo. É assim com os automóveis e outras indústrias. Vamos passar a respeitar o consumidor e ganhar mais respeito também”, avalia.
Lira, que esteve no seminário “Impactos da Norma de Desempenho”, que aconteceu nos dias 17 e 18 de fevereiro, em São Paulo – evento promovido pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), SindusCon-SP e outros organismos do setor -, avalia que a construção civil irá provar que realmente cumpre NBR 15575 quando surgirem os primeiros recalls. “Quando um construtor colocar em um jornal o anúncio de um recall, seja por causa de uma torneira mal instalada ou outro problema detectado em uma edificação, aí sim estaremos definitivamente cumprindo a norma”, diz o professor da FGV-RJ. Para ele, a Norma de Desempenho é a oportunidade de toda a cadeia produtiva da construção civil adotar práticas mais maduras de mercado.
Um outro exemplo citado por Roberto Lira de Paula está nas embalagens de insumos e equipamentos. Para ele, a NBR 15575 também vai mudar a forma de as empresas se comunicarem com os construtores e com os próprios consumidores. “Quando nossos insumos vieram ao mercado como os remédios, ou seja, com as embalagens especificando sua vida útil, de que forma ele pode ser aplicado, como ele deve ser conservado, como seus componentes reagem em determinado tipo de obra, aí sim haverá a constatação de que a Norma de Desempenho está sendo absorvida pelo setor”, considera Lira, que recebeu uma resposta positiva do presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), Walter Cover. “Nosso segmento caminha nesta direção”, afirmou.
Lira encerrou sua análise sobre a NBR 15575, lembrando como a construção civil sentiu a necessidade de avançar na direção do desempenho das edificações. “Nos anos 1970, nosso setor viveu o período das grandes obras nacionais, como hidrelétricas, pontes e estradas, mas construíamos de forma artesanal. Nos anos 1980 – a célebre década perdida – USP e IPT começaram a pensar em uma norma de desempenho, mas apenas na teoria. Afinal, na década de 1990, vivemos o período da engenharia de redução de custo. Apareceram a laje zero e a alvenaria com revestimento fino. Não seria possível continuar assim. A Norma de Desempenho nos permitirá corrigir todos esses equívocos”, finaliza o assessor do SindusCon-Rio.
Entrevistado
Advogado Roberto Lira de Paula, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e assessor legislativo do SindusCon-Rio
Contato: robertolira@globo.com
Crédito Foto: Divulgação/Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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