MCMV comprova potencial dos painéis portantes
Entre 2010 e 2011, no auge do programa habitacional, sistema construtivo chegou a produzir 42 unidades por dia e 10 mil por ano.
Entre 2010 e 2011, no auge de contratações do programa habitacional, sistema construtivo chegou a produzir até 42 unidades por dia
Por: Altair Santos
Entre 2010 e 2011, a tecnologia de painéis portantes ganhou impulso significativo com o programa Minha Casa, Minha Vida. Nesses dois anos, no auge da produção, chegaram a ser construídos até 42 apartamentos por dia, em todo o país, utilizando o sistema que, como o nome diz, permite viabilizar obras através de estruturas de concreto armado. O que o tornou atraente foram a redução de tempo e de mão de obra para construir empreendimentos. “Se bem planejado e executado, se a arquitetura for adequada, se a empresa estiver comprometida, e tiver o sistema em seu DNA, com certeza a tecnologia reduz custo, tempo e mão de obra”, avalia o engenheiro Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, impulsionador da tecnologia em construções com painéis portantes.
No Brasil desde 1978, o sistema foi importado da Alemanha, onde no pós-guerra ajudou a reconstruir o país europeu. O modelo também está popularizado na Rússia, Espanha, Cuba, França, Índia, Colômbia e Venezuela. Na construção civil brasileira, no entanto, não é considerado uma tecnologia convencional. Por isso, quem se propõe a empreendê-la necessita da Datec/Sinat. Atualmente, no país, apenas duas construtoras têm aprovação para utilizá-la. “A questão toda é a via sacra a ser cumprida no ritual de aprovação pelo Datec/Sinat: apresentação de material, contratação, ensaios, análise, inspeções. Tudo é muito demorado, mesmo sabendo-se o resultado que vai dar. Afinal, é tudo parede de concreto”, revela Augusto Guimarães Pedreira de Freitas.
O sistema exige alto investimento inicial em fôrmas, equipamentos de produção e montagem, além de treinamento. Por ser totalmente pré-moldada, a construção com painéis portantes requer também estudo de viabilidade antes de ser contratada. “Investigamos a forma de construir e o comprometimento com a qualidade. A tecnologia não pode ter falhas que seriam aceitas numa estrutura convencional, pois isso exigirá reforços caros e gerará patologias que podem vir a comprometer a aceitação por parte do usuário final. É um sistema com restrição de uso. Por isso, não oferecemos para qualquer cliente. Então, não se deve buscar o sistema de painel portante como algo mágico. Porém, se bem aplicado ele traz resultados significativos”, destaca o especialista.
A construção com painéis portantes pode ser feita com concreto convencional com abatimento alto, mas é recomendável o concreto autoadensável. Eles também podem ser produzidos fora do canteiro de obras ou “in loco”. “Se temos várias obras num raio de até 50 quilômetros, e possibilidade de compensação de impostos para não existir bitributação, compensa uma central de produção. Se temos um empreendimento grande, com mais de 1.000 unidades, é recomendável viabilizar uma usina no canteiro”, diz Pedreira de Freitas, afirmando que, em média, cada painel tem 4 metros de largura. “Isso não quer dizer que não possamos produzir painéis maiores, sejam em formas horizontais (podendo ser em pista) ou através de baterias maiores e mais reforçadas”, completa o engenheiro, ressaltando que o modelo permite erguer edifícios com até 10 pavimentos.
Entrevistado
Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, sócio e diretor-administrativo da Pedreira de Freitas – empresa especializado em construções com painéis portantes
Currículo
– Graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1988), onde recebeu da ABCP o prêmio Ary Frederico Torres, conferido ao melhor aluno da cadeira de estrutura de concreto e construções
– Tem especialização em vários cursos de extensão na área de projeto estrutural de concreto armado e protendido, alvenaria estrutural e garantia de qualidade
– Participou de diversos simpósios e palestras nas áreas de cálculo estrutural, pré-fabricados, sistemas construtivos e racionalização de execução de estruturas. Atualmente atua como sócio e diretor-administrativo da Pedreira de Freitas
Contato: fernanda@pedreira.eng.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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