Burj Khalifa, a pirâmide da era moderna

O maior arranha-céu construído pelo homem impõe desafios para o setor da construção civil no mundo, uma vez que a escala industrial gerada para sua realização corre o risco de ficar ociosa.

Empreendimento é o maior arranha-céu construído pelo homem

Por: Camila Braga
O suntuoso Burj Khalifa, em Dubai

Quase um quilômetro. Essa é a altura do prédio mais alto do mundo, o Burj Khalifa, em Dubai, nos Emirados Árabes, um dos ícones da construção civil mundial. Inaugurado em janeiro de 2010, o empreendimento possui 828 metros de altura, 160 andares e foi recorde mundial no uso de concreto bombeado – 605 m. A torre desenhada pela norte-americana, Skidmore, Owings e Merrill (SOM), custou, aproximadamente, US$ 4,1 bilhões de dólares e levou quase seis anos para ser concluída, envolvendo 380 engenheiros.

A estrutura que se ergue entre o deserto e o mar pode ser vista a 95 km de distância. Foram utilizados 330 mil m³ de concreto, 31.400 mil toneladas de aço e 28 mil painéis de vidros. O edifício tem 57 elevadores, que trafegam a uma velocidade média de 10 m/s. Três deles são rápidos parando apenas, além do térreo e do topo, nos andares 43, 76 e 123 – pisos estratégicos para mudanças de elevadores. Os demais param em todos os níveis solicitados.

No 124º andar está localizado o deck de observação mais alto do mundo. Além da vista, o visitante tem acesso a um moderno equipamento multimídia que conta a história do Burj Khalifa. O edifício abriga 1.044 apartamentos, 49 andares de escritórios e centros comerciais, restaurantes, uma mesquita e o primeiro Hotel Armani do mundo, com 160 apartamentos e diárias em torno de U$ 1.400,00. Áreas de entretenimento e lazer, espaços verdes e alamedas para pedestres fazem o Burj Khalifa um modelo de engenharia na composição de usos mistos.

O projeto da torre alia influências históricas e culturais à tecnologia de ponta para conseguir um edifício de alto desempenho, tornando o Oriente Médio modelo de desenvolvimento neste setor. Devido a sua grandiosidade e estrutura, o empreendimento é considerado uma pirâmide da era moderna.

Vista aérea do empreendimento

A sustentabilidade também foi uma das preocupações da equipe que projetou o edifício. Para se ter uma ideia, a diferença de temperatura entre o solo (46° C) e o topo (38° C) pode variar em até 8° C. Um estudo com base em dados de satélite foi realizado para reduzir essa discrepância climática.

Com relação ao uso sustentável da água, o Burj Khalifa também é recordista. Ele possui um dos um dos maiores sistemas de recuperação de água condensada do mundo, o que significa o aproveitando de até 20 piscinas olímpicas de água por ano, além de ter uma das maiores pressões de água refrigerada já usada em um edifício para maximizar a eficiência. A água é aproveitada para a irrigação dos jardins e áreas verdes.

O que dizem especialistas

Luiz Cláudio Mehl

A questão que fica é a do que fazer com a estrutura gerada para uma grande obra como essa. Segundo o engenheiro, Luiz Cláudio Mehl, ex-presidente do Instituto de Engenharia do Paraná, para a construção de um prédio como o Burj Khalifa, toda uma escala industrial foi criada, “indústrias que foram geradas para atender à demanda dessa construção agora não podem ficar paradas, para onde vão direcionar suas obras, o que fazer com a escala industrial ociosa?”, questiona.

Mehl relembra que no Brasil, inclusive, em meados dos anos 2000, o empresário Mário Garnero chegou a cogitar a hipótese de um empreendimento dessa estrutura, em São Paulo. “A ideia era construir o prédio mais alto do mundo (na época), com 508m de altura e 108 andares. Mas não houve quem investisse no projeto, nem o poder público”, afirma.

Resta saber o que farão com a escala industrial criada em Dubai. E aprender com a lição de mega empreendimentos. Afinal, ocupando 200 mil metros quadrados e com capacidade para 80 mil pessoas, um estádio também pode ser considerado mega empreendimento.

Curiosidades

Confira alguns dados curiosos do Burj Khalifa.

– Torre de Babel: no momento de pico de sua construção, 12.000 operários, de 100 nacionalidades, trabalhavam na obra.
– Maior construção do mundo.
– Maior número de pavimentos do mundo.
– Maior pavimento ocupado do mundo.
– Maior deck externo de observação do mundo.
– Maior distância percorrida por um elevador no mundo.
– Possui clube e fitness center com quatro andares.

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Entrevistado:
Luiz Cláudio Mehl
Engenheiro civil e pós-graduado em Gestão e Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Paraná. Empresário da construção civil e presidente da Filhos de Henrique Mehl S/A Indústria e Comércio. Exerceu cargos na área de Urbanismo da Prefeitura de Curitiba e aperfeiçoou seus conhecimentos de Administração Pública nas Prefeituras de Nova Iorque, São Francisco, Los Angeles e Charlotte (Carolina do Norte), nos Estados Unidos. Foi diretor de diversas associações representativas de classe, como Ademi/PR, Sinduscon/PR, fundador da Apeop/PR, Universidade Livre da Construção e CBIC, Câmara Brasileira da Indústria da Construção. É associado do IEP desde 1971. Foi presidente do Instituto de Engenharia do Paraná de 2005 a 2009.
Email: lcmehl@onda.com.br

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content


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