Hidrodemolição recupera estruturas com patologias
Robôs retiram concreto danificado sem comprometer a armação e agilizam reformas em obras como pontes, viadutos, túneis e barragens
Robôs retiram concreto danificado sem comprometer a armação e agilizam reformas em obras como pontes, viadutos, túneis e barragens
Por: Altair Santos
Nos Estados Unidos, a recuperação de estruturas de concreto afetadas por patologias ou atingidas por incêndios tem se beneficiado cada vez mais da hidrodemolição. A tecnologia começou a ser testada em 2008, usando robôs. As máquinas evoluíram e a demanda por elas também. Usando jato d’água sob alta pressão, os equipamentos removem camadas danificadas sem prejudicar as armaduras. Outra aplicação está na remoção de tintas e na preparação da superfície para receber novas demãos.
A tecnologia aplica microjatos nas cavidades naturais do concreto, provocando o rompimento de estruturas fragilizadas. Um case emblemático ocorreu na cidade de Santa Clarita, no estado da Califórnia-EUA. Um túnel da rodovia Interstate 5 foi atingido por um incêndio, após a explosão de um caminhão, e algumas camadas de concreto foram submetidas a temperaturas que chegaram a 1.400 ºC. Com o robô, a recuperação foi concluída duas semanas antes do previsto. As camadas afetadas foram totalmente removidas, deixando a área livre para que fosse concretada novamente.
A evolução dos robôs, que são controlados via rádio, sem expor os operadores a risco, permite que concretos com até 400 MPa de resistência sejam removidos. Por isso, as aplicações dos equipamentos são cada vez mais diversificadas. Eles estão presentes em rodovias de concreto que precisam ser recuperadas e também em tabuleiros de pontes. Fora dos Estados Unidos, a hidrodemolição já foi usada em reparos no Canal do Panamá e no tratamento de patologias detectadas na hidrelétrica Guri, na Venezuela.
Brasil desconhece tecnologia
Na Europa, reparos em túneis, pontes e barragens têm requerido cada vez mais a hidrodemolição. No Brasil, a tecnologia ainda utiliza equipamentos operados manualmente e com capacidade de reparar poucas áreas. São máquinas que conseguem cobrir até 5 m² por hora, enquanto os robôs cobrem uma área 10 vezes maior no mesmo tempo. Se comparado com britadeiras, que dificilmente deixam de afetar as armações, a área coberta pelos robôs chega a até 50 vezes maior por hora de trabalho.
As empresas especializadas em fabricar esses robôs preparam novos passos para tornar a hidrodemolição ainda mais sintonizada com processos sustentáveis. Um deles é permitir que as máquinas utilizem água de reúso. A outra é que o equipamento colete os resíduos de concreto, a fim de que eles possam ser usados como agregados na fabricação de artefatos, como blocos de concreto e pavers.
Atualmente, o maior fabricante de robôs projetados para a hidrodemolição é a sueca Conjet. A empresa levou para a World of Concrete, que acontece de 2 a 6 de fevereiro de 2015 em Las Vegas-EUA, uma nova versão de suas máquinas. São equipamentos com scanners, que, antes de entrar em operação, fazem uma leitura do concreto danificado e mapeiam a área que deve receber os jatos d’água. “É um avanço que irá trazer ganho de tempo na recuperação de estruturas e permitirá que as máquinas forneçam um diagnóstico completo sobre as patologias a serem extraídas”, explica Mats Johansson, diretor de engenharia da Conjet.
Entrevistado
Mats Johansson, diretor de engenharia da Conjet (via assessoria de imprensa do World of Concrete)
Contato: conjet@conjet.com
Crédito fotos: Divulgação/Conjet
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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