Governo trava setor de tratores e outras máquinas

Estimativa era crescer 3%, mas ano termina com queda de 6% em comparação a 2013. Motivo: ministério do Desenvolvimento Agrário paralisou compras

Estimativa era crescer 3%, mas ano termina com queda de 6% em comparação a 2013. Motivo: ministério do Desenvolvimento Agrário paralisou compras

Por: Altair Santos

Considerado um bom balizador sobre o desempenho econômico do país, o setor de equipamentos para a construção civil fecha 2014 com queda de 6% nas vendas, em relação a 2013. Foram 67,7 mil máquinas vendidas contra mais de 72 mil unidades comercializadas no ano anterior. A constatação é do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, elaborado pela Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração).

Brian Nicholson, consultor da Sobratema: previsão para 2015 é de queda de 5% nas vendas

A explicação para o menor desempenho está no fato de que, a partir do segundo semestre de 2014, o governo federal interrompeu a compra de máquinas, principalmente da linha amarela (terraplenagem e compactação). “No começo de 2014, as projeções eram de que haveria uma queda de 3% na linha amarela, principalmente retroescavadeiras. No entanto, o governo, que vinha adquirindo 62% das máquinas da linha amarela, simplesmente interrompeu as compras, através do ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Isso impactou nas vendas em geral, ainda que alguns segmentos tenham tido desempenho positivo”, explica Brian Nicholson, consultor da Sobratema.

Até meados de 2014, o ministério do Desenvolvimento Agrário mantinha demanda alta na aquisição de máquinas da linha amarela, a fim de repassá-las para municípios com até 50 mil habitantes, fora das principais regiões metropolitanas do país. O objetivo era estimular as prefeituras a promover uma série de obras, incluindo a recuperação de estradas vicinais. Como não há perspectivas de que essas compras sejam retomadas, a Sobratema projeta que, em 2015, a queda no setor de equipamentos para construção seja de 5% em relação a 2014, ainda que estime que o segmento de linha amarela tenha a tendência de se recuperar no segundo semestre. “Tudo vai depender de o índice de confiança do setor da construção civil se recuperar”, avalia Brian Nicholson.

Máquinas da linha amarela, distribuídas a municípios com menos de 50 mil habitantes, pararam de ser compradas pelo governo

Crescimento a partir de 2016
O Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção apresenta projeções para a venda de máquinas até 2019. A partir de 2016, a estimativa é de que o setor tenha uma retomada, dependendo, principalmente, dos investimentos em novas obras, principalmente infraestrutura, bem como o crescimento do setor imobiliário da construção civil. No caso da população de máquinas, aquelas com até 10 anos de uso continuarão a crescer com uma taxa entre 6% e 7% ao ano até 2019. Já para os equipamentos com até 4 anos de uso, a projeção é de que haverá retração até 2016 e retomada em 2017.

Em relação aos setores que utilizam máquinas pesadas, a área de infraestrutura responde pela maior parte dos equipamentos adquiridos em 2014, com 32 mil unidades, seguido pela construção civil, com 25 mil unidades. Os equipamentos com maior percentual de retração em 2014, em comparação com 2013, foram as retroescavadeiras (linha amarela), com uma queda na comercialização de 42,6%, seguida pelos guindastes, com 46,3%, e as plataformas aéreas, com 24,7%.

Entrevistado
Economista e jornalista Brian Nicholson, consultor da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração).
Contato: meccanica@meccanica.com.br

Crédito Fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé/Agência Brasil

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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