Projetos precisam evitar sondagens empíricas

Professor da UFPR, Eduardo Dell’Avanzi aponta erros mais comuns em obras, principalmente no que se refere a estudos geológicos e fundações

Professor da UFPR, Eduardo Dell’Avanzi aponta erros mais comuns em obras, principalmente no que se refere a estudos geológicos e fundações

Por: Altair Santos

O estudo das características geológicas do terreno é decisivo para que o projeto das fundações de uma obra não resulte em problemas futuros. Esta foi uma das abordagens da palestra do professor-adjunto do departamento de engenharia civil da Universidade Federal do Paraná, Eduardo Dell’Avanzi, durante o Simpósio Paranaense de Patologia das Construções, que ocorreu de 29 de maio a 2 de junho, no centro politécnico da UFPR. Engenheiro civil com ênfase em geotécnica, Eduardo Dell’Avanzi destacou que conhecer o terreno é apenas um dos passos para se garantir uma construção sem risco de patologias em fundações. “Além de evitar erros na sondagem do solo, há outros três erros que se deve evitar: o de execução, o de especificações de material e o de comunicação”, alerta.

Eduardo Dell’Avanzi: todo projeto deve ter gerenciamento de risco
Eduardo Dell’Avanzi: todo projeto deve ter gerenciamento de risco

Com experiência em projetos, o professor da UFPR afirmou que há “pequenos vícios” implícitos em obras, e que geralmente resultam em patologias. Um dos mais perigosos é não tratar a obra de forma racional. O que Eduardo Dell’Avanzi quer dizer é que um projeto que tenha passado por auditoria e que esteja embasado em ensaios de laboratório tem chances bem menores de apresentar erro. “Já as sondagens empíricas, e que podem ser assumidas como verdadeiras, são as que mais colocam em risco um projeto. Isso pode ocorrer quando o executor, para ganhar tempo, decide não seguir o projeto de execução. Outro erro grave é quando não são seguidas as especificações do concreto definidas em projeto. São erros que geram incertezas na obra”, define.

Em sua palestra, Eduardo Dell’Avanzi cita que há três tipos de pressões que podem desencadear patologias. Uma delas é a imposição econômica. “Quando o dono da obra pressiona por busca de soluções mais baratas, isso pode comprometer o projeto”, cita. Outro fator é a preponderância do aspecto político sobre o aspecto técnico, o que, geralmente, ocorre em obras públicas. Dell’Avanzi destaca ainda a falta de tempo hábil para o entendimento de todas as variáveis envolvidas no projeto. “Essa pressão pela entrega do projeto acaba fazendo com que se criem anteprojetos, pré-projetos, ou seja, projetos inconclusos, não definitivos, e que podem gerar erros no momento da execução, principalmente em questões envolvendo apoio e sobrecarga”, afirma.

Maturação do projeto
Eduardo Dell’Avanzi reforça que é preciso evitar decisões subjetivas e precipitadas em uma obra. “O recomendável é que haja protocolos de análise para ajudar a checar o que está sendo feito. Para isso, às vezes, é necessário um período de maturação do projeto, acompanhado de um plano de gerenciamento de risco, o que permitirá que o engenheiro que vai executar a obra possa analisar com mais critérios se o cenário da construção está dentro da normalidade ou em um cenário de atenção ou de risco.

Também é importante dizer que o gerenciamento de risco é relevante, pois é ele quem vai definir o que cada um deve fazer em uma situação de emergência”, destaca o professor da UFPR, lembrando que em sua área de atuação três normas técnicas são fundamentais: ABNT NBR 6122 – Projeto e execução de fundações; ABNT NBR 9061 – Segurança de escavação a céu aberto, e ABNT NBR 11682 – Estabilidade de Taludes.

Entrevistado
Professor-doutor Eduardo Dell’Avanzi, do departamento de engenharia civil da UFPR, e sócio-fundador da EFEL Engenharia

Contato
avanzi@ufpr.br

Crédito Foto: Cia de Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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