Construção civil faturou R$ 35 bilhões com a Copa
Por falta de planejamento, 65 obras ficaram inconclusas. Sinaenco estima que lucro do setor poderia ter ultrapassado os R$ 50 bilhões
Por falta de planejamento, 65 obras ficaram inconclusas. Sinaenco estima que lucro do setor poderia ter ultrapassado os R$ 50 bilhões
Por: Altair Santos
A consultoria Eurasia Group fez um balanço dos efeitos da Copa do Mundo sobre a construção civil. Na análise, concluiu-se que o impacto setorial poderia ter sido maior se todos os projetos de mobilidade e infraestrutura urbana prometidos para o mundial tivessem saído do papel. Mesmo assim, as obras ligadas ao evento movimentaram mais de R$ 35 bilhões desde 2007.
Só os investimentos da chamada Matriz de Responsabilidade – documento que reuniu os projetos a cargo do governo federal, governos estaduais e cidades-sede – somaram R$ 26 bilhões. “No final, as construtoras que ganharam mais com o evento foram aquelas envolvidas nas obras dos estádios e no entorno das praças desportivas. Mas o efeito cascata desses investimentos foi mais limitado do que o esperado”, opina João Augusto de Castro Neves, analista da Eurasia Group.
O presidente do SINAENCO Regional Paraná (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) Carlos Valério Avais da Rocha Esteio mostra que, de acordo com levantamento do sindicato, se todas as obras previstas para a Copa do Mundo tivessem sido concluídas, o faturamento bruto do setor da construção civil poderia passar de R$ 50 bilhões. “Foram 65 obras não finalizadas. Como continuam fazendo parte do PAC2 (Programa de Aceleração do Crescimento) é possível que sejam entregues”, acredita.
O dirigente culpa a falta de planejamento pelo atraso. “Embora todos os alertas feitos por várias entidades de classe, principalmente o SINAENCO, a Copa foi recheada por problemas de falta de planejamento, o que acabou gerando contratações de projetos simplificados e obras sem a maturidade técnica necessária”, critica.
Olimpíadas 2016
Outros empecilhos para os atrasos foram a burocracia e os problemas ambientais. Além disso, a tentativa do governo federal de agilizar as obras através do Regime Diferenciado de Contratações (RDC) não geraram os efeitos pretendidos. “O RDC acelera a contratação da obra, mas os prazos de estudos e planejamento não podem ser acelerados. Os ganhos do novo regime se mostraram ineficientes para as obras da Copa”, avalia Carlos Valério Avais da Rocha Esteio.
Empresário do setor, ele também cita o segmento que mais lucrou, entre os que compõem a cadeia produtiva da construção civil. “O de equipamentos chegou a ter falta de produtos para ofertar ao mercado”, revela o dirigente do sindicato, que monitorou a Copa do Mundo desde que o Brasil venceu a eleição para país-sede, em 2007.
Carlos Valério entende que o grau de dificuldade será menor para o Brasil sediar os jogos olímpicos de 2016, que acontecerão na cidade do Rio de Janeiro. “Será menor, pois se trata de um contratante apenas (a Prefeitura e o Governo do Rio de Janeiro). A Copa foi espalhada por doze sedes, o que fazia com que as obras tivessem vários donos e responsáveis. No caso das Olimpíadas será mais fácil, mas ainda temos problemas de planejamento e com a burocracia”, conclui.
Entrevistado
Engenheiro civil Carlos Valério Avais da Rocha Esteio, presidente da Esteio Engenharia e Aerolevantamentos S.A., presidente do SINAENCO – Regional Paraná e presidente da APEC (Associação Paranaense de Empresas de Consultoria de Engenharia)
Contato
valerio@esteio.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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