Concreto celular estrutural inova obras habitacionais

Blocos do material atendem especificações da norma de desempenho e permitem erguer prédios de até 12 pavimentos. No Brasil, sistema está só começando

Blocos do material atendem especificações da norma de desempenho e permitem erguer prédios de até 12 pavimentos. No Brasil, sistema está só começando

Por: Altair Santos

Na Alemanha, país onde as temperaturas no inverno chegam facilmente abaixo do zero grau Celsius, os blocos de concreto celular estrutural têm se popularizado rapidamente entre as edificações habitacionais com até 12 pavimentos. A característica do material é que o faz ganhar mercado na construção civil alemã. Altamente eficiente sob o ponto de vista térmico e acústico, a peça também é leve e com estrutura para suportar compressão de 12 MPa e densidade de 300 kg por m³.

Construção com blocos de concreto celular estrutural: alta eficiência térmica e acústica

O que garante essas propriedades ao bloco de concreto celular estrutural é que as peças, normalmente medindo 20 centímetros de espessura, 60 centímetros de altura e 1,20 m de comprimento, são curadas em forno de autoclave a pressão de 34 bares (34 atmosferas). A fabricação é feita com cimento CP II-F-32 ou CP II-Z-32, areia fina e aditivo a base de alumínio ou aerante, que no Brasil só é conseguido através de importação.

Os fornos de autoclave também não são fabricados no país, o que encarece a instalação de uma fábrica. Há apenas duas indústrias em funcionamento no território nacional que produzem blocos de concreto celular autoclavado: a Siporex, em Minas Gerais, e a Cocal, em Santa Catarina. No entanto, uma terceira entrará em funcionamento em 2014 no município catarinense de Imbituba. Trata-se da Blocel, do grupo Inkor.

Para o engenheiro civil Luiz Francisco Teixeira Marcondes, diretor-técnico e comercial da Blocaus Pré-Fabricados Ltda., esse deve ser o futuro da indústria de blocos de concreto no Brasil. “O sistema tem um custo elevado de implantação fabril, mas baixo custo de produção. O investidor que conseguir implantar uma estrutura com fornos de autoclave e cortadeiras programáveis terá amortizado o seu investimento em três anos”, estima.

Francisco Marcondes, da Blocaus: construção fica até 60% mais rápida do que a convencional

Francisco Marcondes esteve recentemente na BAUMA 2013, que aconteceu em Frankfurt, na Alemanha, e onde são mostrados produtos e equipamentos que balizam as inovações na construção civil mundial. “Estou convicto de que o mercado assumirá com muita rapidez esse processo construtivo, por sua racionalidade, facilidade de corte e agilidade que dá à obra. Assentado com argamassa colante, o sistema reduz a construção em até 60% se comparado à construção convencional”, diz.

Norma de desempenho
Marcondes afirma que as peças eliminam a compatibilização de projetos e permitem a alteração das instalações durante a construção, conforme a vontade do cliente. “Elas reduzem os custos em 50% em relação aos reticulados de concreto armado fechados com tijolos. Por isso, é o futuro das construções para países emergentes, onde a padronização de produtos, a redução de mão de obra e a racionalização construtiva são a sobrevivência das empresas que constroem para as classes média e baixa”, completa.

Na Alemanha, o engenheiro civil também visitou edifícios construídos em alvenaria estrutural com blocos de concreto celular estrutural autoclavado. “Em Frankfurt e em Khöln vi prédios de até 12 pavimentos. São edificações construídas de acordo com as rigorosas normas europeias, que preveem isolamento térmico e acústico para atender os desconfortos dos verões e invernos do hemisfério norte, além de segurança contra abalos sísmicos e ventos de mais de 250 Km/h. Portanto, se transferidas para as condições do Brasil, elas atendem plenamente a norma de desempenho (ABNT NBR 15575)”, garante Francisco Marcondes.

Para o diretor-técnico e comercial da Blocaus, cuja sede industrial fica em Biguaçu-SC, a chegada ao Brasil do bloco de concreto celular estrutural autoclavado irá mudar o mercado. “Em cinco anos, o bloco de concreto convencional perderá a atratividade. Ele continuará em uso para a construção de habitações de interesse social do Minha Casa, Minha Vida, na faixa 1, e em edificações de até três pavimentos. Acima disso, o bloco de concreto celular estrutural será imbatível. A Blocaus, claro, pretende sim participar desta nova etapa que se inicia para a construção civil no Brasil”, afirma.

Entrevistado
Luiz Francisco Teixeira Marcondes, engenheiro civil e diretor-técnico e comercial da Blocaus Pré-Fabricados Ltda
Contato: franciscomarcondes@blocaus.com.br

Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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